quinta-feira, 28 de abril de 2011

Não me joguem na vala comum!

Não coloque rótulos em mim, sou um frasco muito liso para que grudem. Não me defina, nem sequer expresse julgamentos, cometerá equívocos. Nunca me estabilizei num conceito, nem sequer num nome, já tive vários durante a vida; muito menos busque algum enquadramento social para mim, logo eu que sou tão socialmente insociável.
Não me venha querer colocar em algum rebanho, seja torcendo por um time, seja por um candidato ou mesmo alguma religião: tenho erros próprios para serem cometidos. E detesto a multidão trotando pelos lugares, cega e surda a tudo que não seja seu interesse particular, passando sem me cumprimentar, ignorando a minha humanidade, passando por mim como se fosse algum tipo de obstáculo.
Como então devo ser visto? Como alguém sem adjetivos, que tem mais substância que qualidades, aquele que atravessa a merda da vida falando das cagadas humanas.  Enfim, devo ser visto como alguém que tem um futuro, além do passado e do presente, de merda! E veja que nisso sou muito parecido à grande maioria.... Há tão pouca originalidade entre as pessoas, apenas diferenças miúdas e epidérmicas que procuram engrandecer diante do pouco exigente mercado de afetos, que não poucas vezes compra gato por lebre.
Meu grande destaque é nada ter a ser destacado. Alguém comum, mas por ser diferente de uma ervilha, pensa. Uns se consideram incomum pelo seu físico, outros pelo seu profissionalismo, outros pela inteligência, uns por serem honestos, outros por serem leais, outros tolerantes, e tantas outras qualidades que se encontra no dicionário, enquanto eu, se não anuncio qualidades, também não escondo meus infindos defeitos. Sou tão humano....
Fiz muito esforço para ser ninguém. Tentações não faltaram para desviar-me da minha trajetória ininterrupta a ser alguém não afamado, não assalariado e um não consumidor contumaz. Um homem comum e cidadão do mundo é o que ambiciono para mim.

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