Fiquei
afastado de tudo e de todos nos últimos tempos. Tinha o que pensar. Sai por aí
a viajar. Fui ver o mar e a montanha, o campo e as cidades. Nem é preciso que
se diga que a tristeza e a alegria é a mesma em toda parte, assim como as bostas,
muito comum quando se trata do humano. Sei que falta não fiz, pois não pediram
que retornasse aos meus escritos excremetais, muito menos sentiram minha
ausência. Meus poucos leitores ou leitoras já cansados do meu repugnante humor,
creio, ficaram aliviados com o meu aparente sumiço; pelo menos, das minhas
merdas estavam livres, ainda que a merda da vida não se livre, a não ser se
morrerem, o que seria outra merda. Enfim, constatado que falta não faço, que
não há leitores para os meus escritos, mais convicções tenho para continuar a
escrever e atuar no espaço da internet, esse lugar que cabe todos e não
pertence a ninguém, pois o que evacuo não ocupa mais que um mínimo espaço na
memória de um computador. Aliviado estou por não precisar mais derrubar árvores
para escrever minhas bostas, e com a consciência tranquila porque não tiro o
sono dos leitores ou leitoras, que a rigor, não tenho, mas que se tiver, não terá
que pagar merda alguma para ler meus urânicos excrementos.
Quanto à minha viagem, foi de estudo,
autofinanciada à base de favores e amizades que permitiram ir por aí, em busca
de novos saberes e novos contatos. Descobri pouca coisa ou mesmo nada. Tudo é
muito igual por toda parte, as mesmas músicas, as mesmas vestes, os mesmos
pratos, e os passeios também são bastante semelhantes. Vi festas de batizados
que mais pareciam de casamento, e vi festas de casamentos que exalavam tristeza;
vi velórios alegres e nascimentos trágicos. De fato, não conheci ninguém
suficientemente sério para depositar alguma credibilidade, ainda que tenha
visto inúmeras pessoas simpáticas. De tudo, o que mais me chamou a atenção, é
que há tão pouca coisa que me chame à atenção no que as pessoas fazem ou
pensam. Todavia, tenho que admitir, arejei as vistas e a mente, e agora tenho
ânimo redobrado para a minha evacuante tarefa de expor os odores fétidos da
convivência humana desarmônica. E é fácil perceber que o que temos de mais
fedido no momento são as eleições municipais, pois um candidato é um bosta, o
outro uma merda, aquele outro um excremento, este outro um coco, e há ainda o
mais refinado que é uma fezes. Enfim, o melhor não presta, visto que o melhor,
no caso, é o que faz o pior.