quarta-feira, 13 de abril de 2011

Explicando o inexplicável

Algumas amigas entendem perfeitamente, porém quase todos meus amigos não conseguem entender, como alguém que só fala merda, não trabalha, não toma banho, um celibatário convicto, e, principalmente, um homem que não tem carro ou cartão de crédito, nem grandes dotes físicos ou beleza, desarrumado, quando não mal vestido, consegue despertar paixões arrebatadoras nas mulheres só com os ditos, a ponto de invejarem ao verem o número delas que se declaram apaixonadas por mim, pedindo que intercedam por elas. Creio que sejam mulheres sensíveis e percebam a profundidade dos odores por mim exalados, e acabam purificadas pelas minhas impurezas tão arduamente cultivadas. Além disso, todos têm o direito de ser desumano em algum momento na vida. E se apreciam o masoquismo, quem sou eu para dissuadi-las de tal fim ingrato, rastejando nos meus imundos pés.... Não fico feliz com isso. Causa mais preocupação do que qualquer tipo de satisfação. Posso ter algum prazer na vaidade, mas sei que é efêmero como tantos outros. Se pudesse escolher, ficaria com sentimentos mais amenos. Por que não algo mais usual, uma simples e comum (hoje incomum!) amizade?
Infelizmente (ou felizmente?), minha escolha pela vida celibatária é decorrência de uma existência dedicada integralmente à pesquisa e investigação da quantitativa e qualitativa ignorância humana, infinitamente superior as sabedorias. Mesmo as sabedorias, de tempos em tempos, passam para o campo da ignorância. Alguém tem que fazer o trabalho sujo de recolher as miudezas dos homens, pois a maioria fica entorpecida pelas pequenas conquistas, assim mesmo, só no campo cientifico e tecnológico, pois moralmente somos tão bárbaros como antigamente, e não percebe que todos estão a carregar merda daqui para ali. Com isso não tenho tempo para o amor, ou melhor (o que é pior!), casamento, o que via de regra parece ser sinônimo para a grande maioria das mulheres. A todas corajosas que expressam suas paixões, digo que gosto muito de todos para fazer mal com a minha presença imunda, mesmo que digna, a alguém em particular. E não suporto viver em multidão. Não moro em multidão e multidão é tudo que ultrapassa a mim mesmo. Suporto apenas os encontros entre amigos e amigas, com doces ou amargas conversas sobre qualquer coisa, e a certeza da convivência apenas temporária, mesmo com pessoas boas.

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