terça-feira, 13 de setembro de 2011

Sobre os homens

É a contragosto que escrevo tal texto, intimado por amigas que desejam que equilibre a balança, que seja imparcial e fale também dos homens, assim como antes falei das mulheres; antes falei sobre algo que tem certo encanto, já os homens só trazem desencantos. Logo de mim, que sempre faço questão de me mostrar parcial no meu ponto de vista, vão solicitar imparcialidade. De pouco valeu afirmar não ser um homem típico, visto que nem humano típico consigo ser, pois não penso em filhos ou casamento. Não que os homens pensem muito nisso, aliás, sempre que possível adiam tais ocorrências, e empurram as responsabilidades para as mulheres, tanto pelo começo, como pelo fim do casamento, mas especialmente a respeito dos filhos, que os homens aceitam como uma fatalidade da vida, que até podem gostar, mas cuidarão pouco, ou, pelo menos, bem menos que as mulheres.
Via de regra a mente masculina é masturbatória, cuja temática vai do carro para o time de futebol, passando pelo emprego, ou parando demoradamente na mesa de um bar com amigos, ou sexo, que para o homem já se realiza com a mera visão. Sua felicidade é facilmente atingida depois da segunda dose de alguma bebida. Suas grandes ambições podem ser calculadas em cilindradas no motor do carro, seus grandes objetivos é ver os times adversários sofrerem estrondosas derrotas e sua maior meta é ganhar mais fazendo menos, o que não é possível, mas pouco importa, pois o querer masculino nada tem a ver com a possibilidade ou não de realização.
Na vida prática o homem faz invariavelmente o absolutamente mínimo necessário para manter o emprego, a relação, as amizades e os filhos; todo seu esforço é para passar despercebido de todos e assim realizar seus grandes feitos, que ocorrem na sinuca do bar, no churrasco em família, no encontro com amigos. Naturalmente, a grande maioria cobiça todas as mulheres e se pudesse teria relações com uma boa parte, mas efetivamente se contentam com aquela que conseguem enganar pelos seus falsos encantos. Além disso, a grande maioria não pensa muito e gosta mesmo é de ver TV, sendo o controle remoto um problema sério para qualquer homem normal, que dificilmente desgruda do mesmo.
Os sentimentos masculinos são infinitamente mais brutos e menos refinados que os femininos, sendo reduzidos em número e qualidade quando comparados aos femininos. Além disso, seu paladar engole qualquer coisa quando faminto. Seu vocabulário empobrecido não permite nem ao menos enunciar algumas cores da aquarela feminina, seus interesses não se estendem para além das coisas que envolvem seu dia a dia. Sua educação à mesa e diante dos eventos sociais está quase sempre beirando ao deselegante ou ao mau gosto. E não há homem que não olhe (e aprecie) fotos de mulheres peladas. A pornografia lhe é natural, vem de berço. No mais, quando em grupo, contam muitas vantagens e piadas, e nada é levado a sério. Aliás, com relação ao homem, poucas coisas podem ser levadas a sério, senão dá briga.
Os homens competem até pelo arroto mais alto; onde houver dois homens, estará em disputa o melhor time, o melhor jogador, o maior artista, a melhor política, o melhor carro, o maior piloto, quando não o maior pênis, cada um pronto a matar (mas não a morrer) pela sua causa. Indigna-se por pequenas coisas, mas é covarde com relação às grandes; é capaz de matar por uma vaga no estacionamento, mas é incapaz de morrer pelas causas comuns. Pode entrar numa briga só por amizade e pode fugir de outra porque está só. Um homem só pouco faz, dois já falam alto, em três é bem capaz de arrumarem uma confusão. É claro que há homens de todos os tipos, mas nenhum deles vale grande coisa.
De poucas palavras na relação, pode ser um falante incorrigível no encontro com amigos e familiares, ou mesmo com outras mulheres. Ainda que seja capaz do amor, a fidelidade é um esforço corporal, decorrência de timidez ou falta de ousadia, pois na imaginação é impossível. No mais, por serem infantis nas suas emoções e simplórios nos desejos, são facilmente domináveis pelas mulheres, muito mais maduras, capazes de darem alguma direção para um monte de impulsos muitas vezes sem direção, e suportarem eventuais traquinagens de pessoas que gostam de se divertir nas ruas eventualmente, onde, via de regra, passam fome, mesmo tendo comida em casa.
O fato é que enquanto reinou a força, o homem submeteu a mulher com a espada. Mas, daí, descobriram o poder do argumento e a mulher pode submeter o homem com a palavra. Hoje a espada e a palavra estão desgastadas, nem o homem quer ver sangue, nem a mulher perder seu tempo discutindo com quem não quer ouvir. Não há mais grandes feitos a serem realizados, nem grandes palavras a serem ditas, não há mais lugares para heróis e todos podem ser covardes, estão todos ocupados com suas felicidades. Tudo que se espera é que realizem suas funções, o que a grande maioria acaba fazendo a contento, porque espera com isso ter alguma vantagem. Não conheço homem que não queira um mundo melhor, mas não vejo ninguém se mobilizando para que isso ocorra.
E ainda que entenda as expectativas das mulheres com relação aos homens, não entendo porque os mesmos continuam alimentando essas falsas expectativas. Incapazes de cumprirem com suas palavras da mesma forma em todas as ocasiões, pois tudo prometem quando desejam uma mulher, e quando o desejo se esvai, esvai também as lembranças das promessas feitas ao pé do ouvido, tudo que pode garantir é que tentará manter a fidelidade por algum tempo, desculpando sua imaginação que age involuntariamente diante da presença do sexo oposto. Não afirmo que todo homem é um galinha, pois a moral consegue segurar a vontade da maioria, mas a vontade em si não deixa de existir, ainda que pouco ou mesmo nunca se efetive. O que não quer dizer que homem não seja confiável, apenas que suas palavras são ditas com sentidos diferentes em situações diversas. Jurar eterno amor é algo verdadeiro num certo momento, mas não para sempre.
Por fim, mas não menos importante, ainda que os homens tenham uma vida mais barata que a feminina, não apenas estão aumentando seus gastos com cosméticos e indumentárias (ainda que distante do consumo feminino), como também gastam compulsivamente seus bens com acessórios para os carros, em bebidas e com festas, com quinquilharias eletrônicas, na farra e na esbórnia. E sem fazerem pesquisas de preço ou pechincha, comprando na primeira loja e no primeiro lugar que encontrar. E ainda que muitas vezes possa ter independência econômica, sua dependência da mulher é maior do que imagina, infinitamente superior ao desprezo que por vezes ostenta a respeito da dependência feminina da masculina, que é mais ilusória do que real; via de regra, as mulheres é que carregam uns trastes ao invés de serem carregadas.

2 comentários:

  1. Não há como não dar boas risadas...

    Muito bom o texto: Sobre os homens.

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  2. Senti, que vc atendeu ao clamor feminino ao escrever esse texto.
    Falou dos homens, mas falou muto mais de nós mulheres.
    Não vou deixar aqui nenhum comentário feminista, mas o mundo tá ficando cada vez mais cor de rosa, "choque" as vezes, mas cor de rosa.

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