segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Sobre as mulheres

Sei dos riscos que corro ao tocar em assunto tão simples e usual, diria até corriqueiro, que se avista por toda parte, e que foi complicado e tornado complexo por “autoridades”, mas uma espécie de dever me obriga a tratar da temática “mulher” da minha forma costumeira, visto que se avolumam páginas e mais páginas que não conseguem estabelecer algo digno a respeito do sexo feminino. Naturalmente, todas as qualidades e defeitos que se atribuem ao homem podem ser atribuídos à mulher, pois caráter não tem sexo, assim como atitudes boas, pessoas com alguma sabedoria conseguem realizar, e atitudes más, pessoas com pouca sabedoria não podem deixar de cometer. De fato, a diferença básica entre homens e mulheres é o papel que ocupam no processo reprodutivo, tendo a mulher um fardo material e emocional muito maior no processo inicial da vida, o que pode (mas não necessariamente ocorrerá) ser compensado pela atividade masculina no decorrer da vida dos filhos, já que crianças humanas demandam anos de esforços dos seus tutores. É de se notar que a mulher tem um custo operacional durante sua vida muito superior ao masculino. De um lado, menstruam todo mês por décadas. Por outro lado, quase sempre precisam de sutiã para os seios. Só com esses dois aspectos dá para se ter um cálculo do seu custo a mais. Se acrescentarmos o que se gasta com a cosmética e a indumentária (preferencialmente idealizadas para elas) cheia de tipos para os diversos momentos, com os remédios e com as academias, se perceberá claramente que a mulher gasta a maior parte da sua renda com suas pequenas e infinitas coisas, afora milhões de bolsinhas para guardá-las ou eventualmente carregá-las. E se gastam com seus sapatos, gastam também com sapateiras. Os armários dos banheiros aumentam escancaradamente, repleto de potes e bisnagas de cremes e óleos que aparecem em cada esquina; é preciso lugar para o esmalte e para as coisas da depilação, para os perfumes, os desodorantes e a maquiagem, para o secador de cabelos, para o absorvente, para a lixa das unhas, para o remédio da dor de cabeça..... E coisas para pendurar na orelha, no pescoço, nos dedos, nos pulsos, nos tornozelos, nas blusas, nos cabelos, nada menos que uma gaveta é preciso. Tem as diversas bolsas para as diversificadas ocasiões, tem bolsa para o dia e tem bolsa para a noite, e o sapato ou sapatos que combinem. Cintos que nada seguram (mas, enfeitam) e cintos para segurar as calças. Lenços, cachecol e outros panos para enrolar no pescoço, mais o chapéu, o gorro ou a toca para algumas ocasiões. E eis porque ocupam um ou mais guarda-roupas; só de meias, lá se vai pelo menos mais uma gaveta, ainda que grande. Qualquer coisa que se coloque perto do chuveiro para guardar coisas, estará lotado por maior que seja, pois ocorre um fenômeno interessante, assim como as coisas exigem a obtenção de um lugar, um lugar novo e com mais espaço, parece exigir novas coisas a serem adquiridas. Enfim, para a mulher a vida é bem mais cara do que para os homens; além dos custos biológicos, têm mais enfeites e mais lugares onde utilizá-los. Mas, enquanto as mulheres gastam fundamentalmente consigo e com suas casas, os homens gastam com seus carros. Essa variação de desperdício de dinheiro entre homens e mulheres deve-se aos aspectos culturais, na formação diferenciada de ambos, e não aos aspectos biológicos como supõem alguns tolos.
Com certeza, a mulher trabalha mais do que o homem, seja em casa, seja fora, investe mais afetos nos relacionamentos amorosos, mata e morre menos na violência urbana e causa menos acidentes fatais de trânsito. Educadas para o casamento e a procriação, buscam a realização desses intentos desde tenra idade. Ainda que hoje sejam educadas para serem profissionais e terem carreira própria, a formação da família ou o acasalamento são sempre os planos primeiros de toda mulher, o que nunca impediram outros. Quanto à fidelidade ou infidelidade masculina ou feminina, se é maior nos homens ou menor nas mulheres, o assunto é controverso, uma vez que é sabido que os homens costumam falar mais do que fazem, e as mulheres costumam fazer mais do que falam. Além disso, é de se notar que, a não ser que os homens saiam com outros homens, o que ocorre, se homens traem suas mulheres com outras mulheres, deve haver tantas mulheres quantos homens adúlteros, logo há de ter adúlteros de ambos os sexos na mesma quantidade. Enfim, é irrelevante esse fato para caracterizar sejam homens, sejam mulheres, ou revelar alguma diferença estrutural, pois que é sabido que é a busca da satisfação ou a fuga da insatisfação que levam a pastar em outras paragens, sejam os homens, sejam as mulheres, se bem que a oportunidade por vezes pega suas peças, mas isso também é comum a ambos.
Do ponto de vista da espécie, nem homens, nem mulheres, são superiores ou inferiores uns aos outros, são apenas complementares para a procriação. A rigor ambos deveriam potencializar-se, mas no geral competem, cada um querendo mais para si, da simples atenção à plena dedicação. A imaturidade emocional atinge a ambos que não sabem mais quais são os papéis de cada um, se os papéis precisam ser fixos, ou mesmo se são precisos papéis. As mulheres educadas para os encantos e a sedução podem conquistar muitas coisas, num mundo que ainda trata desigualmente os sexos. No entanto, o que mais os homens aprenderam nesses últimos séculos, foi que o errado está em conquistar, e que é mais difícil largar antigas conquistas, que conquistar novas.
Quanto a se é preferível ser homem ou mulher nesse mundo, penso que é uma falsa questão, pois além de não ser uma questão de escolha, quando nos damos conta do que somos, a escolha já foi feita, e só cabe a cada um dos sexos terem a sua opinião sobre o próprio e o alheio. Nenhum deles tem ou terá vida fácil, pois as pessoas estão mais volúveis nos seus sentimentos e nos seus valores. Nenhum se satisfaz só consigo e precisa do outro, quase como de si mesmo. Resta saber se aprenderão a conviver sem montarem ou serem montados. De minha parte, considero a convivência sobre o mesmo teto e disputando o mesmo banheiro uma carnificina emocional desnecessária, nem a mulher deve ser obrigada a suportar a toalha molhada na cama, nem o homem suportar calcinha pendurada na torneira do chuveiro ou mesmo na janela. No mais, brigas ocorrerão, e com certeza um falará mal do outro. De certo só o incerto futuro da dupla.

3 comentários:

  1. E viva essa deliciosa diferença OASS!
    Adoro ser mulher, com todos as características ricamente detalhadas por você.
    Cada um no seu papel, se é que existe um papel...rsrs

    ResponderExcluir
  2. Ops! Alguém para nos analisar "materialisticamente". Não pude deixar de achar muito engraçada; as suas observações e contabilizações, de nossos gastos.

    Para ser sincera, acho que o fato de você viver, fora do convívio feminino, nos faz ver dessa maneira. Provavelmente são observações feitas, rapidamete em visitas aos poucos amigos que tem.

    Somos muito mais, que sua pouca observação possa nos definir. Mas entendo: é o ponto de vista de um celibatário. Posso dizer: até que você não se saiu tão mal assim.

    ResponderExcluir
  3. “Ninguém nasce mulher, torna-se mulher”. Quem impõe o que é ser uma mulher é a própria sociedade, e que de tudo mais, elabora “esse produto intermediário entre o macho e o castrado que qualificam de feminino”.

    Simone Beauvoir

    ResponderExcluir