terça-feira, 20 de setembro de 2011

Da aparência à essência

Por aparentemente estar cercado de mulheres, insinuam que sou mulherengo, como se procurasse propositadamente a presença feminina. Logo eu, que nunca sequer mando um beijo, nem ao menos um sorriso, muito menos um reles tchau; eu que afirmo que não quero manter relações casamentais, que não convido ninguém para nada, senão, talvez, para uma conversa; eu que nunca, com muita honra, passei cantadas, eu que afirmo em alto e bom tom que não quero compromisso, que no máximo me permito algum sexo casual, de preferência com prostitutas. Mas, quando indagados a quem tenho seduzido para merecer tal fama, mesmo de apenas ouvir dizer, não têm a quem apontar. Estarão confundindo um ouvido atento com um pênis saliente? Estar cercado de mulheres não significa qualquer tipo de domínio ou de desejo de tê-las, é um fenômeno que me espanta mais do que encanta, o que de forma alguma me desagrada, e é com satisfação que falo com todas, se me querem ouvir, e transo com alguma, muito casualmente. Verdade que houve mulheres desatentas que se apaixonaram por mim. Desperdício de sentimento e acréscimos de outros desagradáveis, afinal, a recíproca nunca ocorreu, nem pode ocorrer, e todas acabam com mais um amor não correspondido. Sou incapaz de amar, de monopolizar ou ser monopolizado, me fiz para a dura vida de estudos das cagadas humanas, que por vezes recebe o nome de filosofia, de história, de economia, outras de ciência, outras de arte, outras de religião, ou ainda de política, mas todas repletas de uma fedentina só perceptível por narizes apurados nas falsidades que se propagam por séculos, e não apenas nas atuais. Vivo só para não atrapalhar nem ser atrapalhado; a convivência humana só saboreio eventualmente, e com muito comedimento. Meus desejos são simples e satisfaço-me apenas com algum afeto cordial e jamais espero outra coisa dos demais. E se é um fato que detenha mais amizades femininas do que masculinas, não se deve a algum tipo de riqueza, limpeza ou beleza, nem de grandes virtudes sexuais, que eu mesmo desconheço e que nunca se ouviu falar, muito menos a algum tipo de romantismo, absolutamente inexistente, mas acredito que pelo fato de falar e ouvir sem limites de tempo e de tema, por estar sempre disponível, por ser razoavelmente honesto nos meus comentários, e servir eventualmente para as mulheres fazerem ciúmes a outros homens. No mais, não entendo como alguém pode pensar que as mulheres podem se apaixonar, nos tempos atuais, por uma pessoa como eu, que vive com sua imundice com toda dignidade, que não trabalha nem pretende, com roupas desajeitadas e de suposta má aparência, que nem cartão de crédito possui, e o que é pior, apresentando isso como minhas virtudes cardiais. Fui feito para a diversão e a conversa fiada, assim como a séria, para noitadas de discussão de uma temática qualquer, não para despertar cedo e preparar o desjejum, seja para mim, seja para mulher e os inevitáveis filhos que a acompanha.

3 comentários:

  1. É verdade OASS!
    Não sei como alguém pode se apaixonar por um cara assim.
    Sem cartão de crédito não dá!
    Mas vc não manda nem um beijo pras amigas, né!
    Tá bom que vc é econômico...mas pelo amor, hen!!!

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