quinta-feira, 11 de abril de 2013

A crise contemporânea

Afirmam que estamos em crise. Não apenas uma crise econômica, o que é usual e cíclica, mas uma crise de valores, morais, de costumes, da família, da religião, das instituições, da política, enfim, uma crise geral, ampla e irrestrita. Mas, em que momento a humanidade não se lamentou de crise, do fim de uma cidade, de uma região, de um império, de uma época, da juventude não querer seguir os antigos costumes? Estar em crise é a situação por excelência que a humanidade sempre se encontra. E nem poderia ser diferente: cada novo indivíduo que adentra ou surge nesse mundão que cada vez mais se estreita com o contato mútuo, pode engendrar novidades, questionar o antigo. Ainda que se nasça num mundo já feito, cada um de nós é capaz de inaugurar coisas que modificam tudo, até mesmo os valores. Afinal, por que as novas gerações deveriam seguir a viver segundo padrões das gerações anteriores, principalmente ao se constatar as tolices dos antigos, seus preconceitos, suas superstições e medos? Deve o novo ficar escravizado às deliberações anteriores à sua existência? Deve o homem contemporâneo se subordinar aos valores dos antepassados? Pode uma geração escravizar a próxima com suas determinações, ou não deve, ou pode, os novos vislumbrar novos horizontes e engendrar algo diferente? O fato é que só vê crise quem acredita que as mudanças não devem existir, ou acredita que qualquer mudança é para pior, ou ainda aqueles que temem perder seus privilégios ou postos sociais, ou a autoridade, o poder, ou o dinheiro. Mudar é bom, importante, necessário e sinal de algum tipo de racionalidade, capaz de perceber os equívocos passados e agir para, senão consertar os erros, procurar outro caminho onde se evita velhas receitas para problemas novos. O que sempre ocorreu e ocorre é que o novo sempre assusta, pois mesmo não questionando o antigo diretamente, impõe modificações no sentir, pensar e agir, e o que parecia sólido e estabelecido aparecem com sua face real, como algo mutável, questionável, transformável, como tudo que se relaciona com o ser humano. A única coisa imutável é a mudança, não como uma obrigação, mas como uma consequência necessária do aprendizado humano.

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