quinta-feira, 30 de junho de 2011

Saindo da caverna platônica

Segundo o bom Platão, o filósofo depois de iluminado pela luz da sabedoria, volta à caverna e realiza um trabalho árduo e, em minha opinião, inglório, de tirar a ignorância das pessoas acorrentadas às sombras. Ele não percebeu que as pessoas gostam das sombras e de assombrações, que elas escolhem ser ignorantes. Enfim, essa coisa de caverna me parece coisa dos homens das pedras, assim como Platão é coisa antiga, tanto que nem tocou, em sua República, na questão das fraldas descartáveis, mais uma coisa não biodegradável a emporcalhar esse nosso imundo mundo. Se Platão tivesse observado o mundo em profundidade, perceberia quanta sabedoria existe no fato de os homens serem superficiais; se profundidade houvesse, as pessoas se entristeceriam com as cagadas humanas. Uma coisa que se esclarece deixa de interessar, pois, ou preferem as coisas obscuras, ou corre-se atrás de outras coisas fantasiosas. E quem fala a verdade da vida, que é algo absolutamente trivial, sequer é ouvido, pois os ouvidos preferem aqueles discursos que falam do que deve ser, misturado com que quer que seja, com o que é, o que dá mais uma expectativa da vida, do que uma suposta descrição. Buscam o complexo no simples, buscam grandes questões nas pequenas questões, buscam o fantástico e não propriamente a realidade nua dos fatos. Eis porque estou destinado ao ostracismo social, não tenho fantasias a compartilhar, apenas uma abordagem realista da existência humana. Não digo que o homem progride, mas que faz merda; não afirmo que a vida é boa, mas sim que ela melhora e piora em diversas circunstâncias; não menciono alguma genialidade humana, mas alerto para a imensa ignorância das pessoas. Mas, que interesse pode ter a verdade para aqueles que vivem fantasias onde verdadeiro, falso e mentiroso se misturam? Enfim, uma das coisas que mais me faz sentir um inútil, é quando enuncio alguma verdade.

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