quinta-feira, 30 de junho de 2011

Não tenho respostas, tenho perguntas

Tem gente que acredita que, porque tenho posições contundentes sobre algumas questões, tenha por isso também a certeza da vida, ou respostas para tudo. Muito cego teria que ser para aceitar que sei tudo, ou que possa ter conselhos a serem dados aos demais, pois, quando muito, posso apenas colocar os conselhos que a minha consciência me fornece. Mas, isso nunca me impediu de sair por aí bradando e propondo princípios políticos ou posições civis, ainda que nunca tenha obtido seguidores, sequer apoiadores. No entanto, se colocar a mão na cabeça e abri-la, vejo claramente quantas perguntas tenho sem respostas, quantas dúvidas diárias, a dificuldade de decidir até mesmo coisas simples, como, por exemplo, o que fazer para o jantar. Todavia, não é isto que faz com que não me levem a sério, mas o fato da radicalidade das minhas propostas não poder ser encarada seriamente por pessoas com concepções arcaicas da existência humana. Só aqueles que percebem que as escolhas são ilimitadas e que a todos é dado o poder de construir as próprias escolhas e o seu lugar no mundo, pode entender e aceitar alguns dos meus princípios.
Entretanto, verdade seja dita, estabeleço minhas máximas pelas dúvidas que tenho com relação ao que está estabelecido. Tenho sérias dúvidas sobre a capacidade de amar, não só minha que já a declarei em outros escritos, mas de todos, além de considerar um sentimento moral antes que natural, portanto, proponho o celibatarismo para todos; tenho não apenas dúvidas, mas desconfianças do progresso econômico, portanto, proponho o fim do trabalho, do consumo e do dinheiro. E os valores então, tenho muitas dúvidas do que se estabelece como certo, justo, verdadeiro e até mesmo honesto, e assim sigo, e proponho que cada um siga, os próprios valores, e lute para que o Estado ou mesmo a sociedade civil não estabeleça coercitivamente valores. Propor não é ordenar.
Minhas certezas são momentâneas, movediças e incertas, ainda assim mantenho algumas convicções: que a humanidade precisa diminuir sua procriação, sua produção econômica e modificar seu estilo de vida. Como, quando e outras dúvidas também tenho. Mas, meu exemplo talvez sirva para mostrar um caminho de virtudes humanísticas, afinal, não procriei por amor à humanidade, pouco compro para não produzir nem o lixo da embalagem, não ambiciono nem ocupo posições sociais cobiçadas, não trabalho e contribuo com o trânsito da cidade por pouco sair de casa. Talvez, meu pouco fazer pode ser muito fazer pela humanidade.

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