quinta-feira, 2 de junho de 2011

Odores que exalam

Veja o homem comum, aquele que luta pelos seus prazeres diários e tem força para conquistá-los, senão todos, parte deles. Creio que sejam aqueles todos que têm como sobreviver com o seu esforço e tempo para o saudável ócio para se entreter e pensar na vida, mesmo ciente que a vida é algo que se sabe pouco e fala-se muito. No homem comum salienta-se que, com exceção daqueles que realizaram sua auto-formação, ninguém é formado nas virtudes necessárias à vida livre e autônoma. Falta: 1) a coragem, sem a qual a pessoa não se defende dos ataques alheios ou não defende seus interesses; 2) a prudência, para saber onde por ou não o nariz e o olho guloso; 3) a persistência, para não ver na dificuldade, impedimento, e decair na preguiça ou na passividade; 4) a temperança, para que haja comedimento, mais do que desperdício como ocorre. O mundo contemporâneo contenta-se com homens que tenham alguma habilidade técnica para a autonomia econômica, pessoas razoavelmente honestas e confiáveis, que transitam em paz na busca dos seus interesses entre todos. Seria isso suficiente se as pessoas não fossem em boa parte medrosas, quando não covardes, com idéias vãs e ingênuas. Todavia, o pior é quase todos plasmados para trabalhar e comprar eletrodomésticos, carros, roupas, sapatos, cremes e tantas outras coisas que se inventa para parecer “diferente”, “único”, “além dos demais”, e, ao fim, tornando tantos tão iguais. E desse hábito grotesco frutifica muita embalagem, plásticos, enfim, merda, digo, lixo, contando inclusive com as coisas compradas, pois tudo que se compra, logo quebra ou estraga e é jogado fora.
Pergunto-me, de que adianta haver uma grande maioria de pessoas boas no mundo, se não sabem como agir ou impedir o mal, se diante dele treme ao invés de lhe mostrar o certo? De que adianta ter acesso a tantas informações, se ao mesmo tempo não se sabe retirar o substrato, separando a porcaria da informação útil? Crescer não é fácil, exige largar crenças queridas, mas, tolas. Além disso, a maioria prefere delegar a alguém a resolução dos grandes problemas, pois que tem seus pequenos problemas para resolver, e, assim, cada um preso e resolvendo o seu problema, poucos vêem problema em tudo ser dessa maneira e menos ainda sabe o que fazer, caso perceba. Só sei que o desenvolvimento econômico tem levado a humanidade a perder qualidades morais e virtudes, além de por preço em tudo, e o cheiro horrível do dinheiro tampa as narinas que possibilitariam sentir a bosta de só pensar em comprar e vender. Há coisas muito melhores para se fazer, por exemplo, ficar sem fazer nada ou apreciando a manhã, a tarde ou a noite. Ao invés de só buscar ter coisas, ter mais encontros com pessoas, pois acredito que a vida merece celebração, e não apenas ficar construindo os minúsculos castelos de cada um. Defendo o despojamento das coisas, dos títulos, dos diplomas, do emprego, com um mundo com menos convenções e mais acomodações emocionais.

2 comentários:

  1. Boa noite caríssimo!
    Muito, muito bom!
    Quanta verdade. Embora eu não acredite nessa maioria boa, e sim uma maioria inerte. Que não é nem boa nem ruim. Dançam conforme a música. Na minha ignorância acredito que o bom é bom e faz. A verdadeira bondade caça jeito e não treme diante do mal...

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