terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Nem feliz, nem infeliz

Perguntam se sou feliz, respondo, eventualmente. Perguntam se sou infeliz, respondo, eventualmente. Na maior parte do tempo, não me preocupo com isso; há tanto a ser feito (mesmo para alguém, como eu, que não pretende fazer grandes coisas), que não tenho tempo para pensar nessas coisas. Ora, mal acordo tenho que dar conta da minha vida, há o café a ser tomado. Por vezes, por levar a sério meus princípios filosóficos, tenho que limpar alguma xícara, pois todas as 3 já estão sujas e não foram lavadas, ou ter que adquirir o café que adiava, sabe-se lá desde quando, sua compra. Enfim, há inúmeros detalhes na vida que nos ocupam, mesmo querendo ser um desocupado. E há coisas que só nós podemos fazer por nós mesmos, a começar pelas necessidades fisiológicas, que não são tantas, mas se mal programadas podem surgir nos momentos mais impróprios, tanto que felizes são aqueles que são senhores do seu intestino e da sua bexiga. Depois vem os afazeres domésticos, eventualmente varrer a casa, lavar a roupa e a louça, arrumar o quintal e o jardim, levar o Platão para passear, devolver ou buscar livros nas bibliotecas, fazer o almoço, ler algum livro, ler os jornais na internet, enfim, milhões de pequenas coisas diárias. Assim, o que pode acontecer para que seja infeliz ou feliz? Pouca coisa...... Uma doença seria uma infelicidade, um convite para alguma coisa seria uma felicidade. No mais, ainda que não tenha muito que fazer, tenho mais que fazer do que ficar pensando nessas coisas que passam, como felicidade e infelicidade. Na minha vida, há coisas que ocupam mais a minha atenção: a liberdade, a justiça e a humanidade. A primeira é uma conquista individual, a segunda é coletiva, a terceira é (ou será) histórica. Mas, nada disso me deixa feliz ou infeliz, por vezes apreensivo, outras preocupado, outras cético, outras esperançoso, porém nada que se pareça com a simplicidade da felicidade ou infelicidade.

3 comentários: