sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Acertando com os erros

Já fiz coisas erradas, faço...... quem não o faz? Fazer coisas erradas não nos diminui, nos iguala. Quem não erra, ou melhor, erra menos, são os poucos que se distinguem: em alguma coisa conseguem estar certos ou errar menos. Há casos que quando acerto, erro, e quando erro, acerto. É que a fronteira entre o certo e o errado é movediça, muda com as circunstâncias e os momentos, além do fato que os erros nos ensinam a realizar novos acertos, assim como cometer outros enganos. Assim, correndo o risco de acertar ao errar nas palavras certas para dizer coisas erradas, digo que o certo é um erro, que o certo é incerto, que o certo é errar tentando acertar, e que os erros nos mostram muitas coisas certas. Devo muito da minha sabedoria, se é que tenho alguma, aos meus erros. Errar é típico de quem tenta encontrar alguma verdade num mundo bem mentiroso, falso: sou dos poucos que ainda pergunta para as certezas humanas se elas se sustentam sem algum a priori, que se tem que aceitar sem prova. Nelas estudo o agir da ignorância humana, que tira conclusões precipitadas, apressadas, e que se disfarça de sabedoria, visto a imensa ignorância de quase todos que permite aos sabidos passarem facilmente por sábios. Não sabem distinguir entre as opiniões divergentes sobre os grandes temas, quais possuem algum fundamento, quais apenas se qualificam desqualificando as demais, quais tem consistência lógica e plausibilidade prática, quais não.  A opinião que mais encanta, a mais fantástica será a mais aceita; não têm paciência para acompanhar a explicação da prosaica realidade, e se encantam com qualquer coisa que pareça gigantesco, espantoso, estupendo, fantástico, senão divino. O problema não é não aprenderem com os erros, o grande problema é que as pessoas nem percebem que erram, logo nada podem aprender; como quase todos estão errados, mas se confirmam mutuamente como estando certos, quem de fato está certo, acaba sendo considerado errado. Ora, não há caminho para a sabedoria que não passe pelo reconhecimento da ignorância, pela humildade das poucas certezas, e da percepção de si como alguém que erra ao tentar acertar.

3 comentários:

  1. Fiquei tão confusa ao ler esse texto. Não sei mais - se é que soube - o que é certo ou errado. Como reconhecer quem está certo ou errado. Em que estágio precisarei chegar a ponto do reconhecimento dos que estão ou não?
    Pois se cada um - nesse mundo de mentiras - descobre o que é certo ou errado para si, e como viver esquivando-se das mentiras e hipocrisias, não for o suficiente. O que seria então?

    ResponderExcluir
  2. Só se pode viver perto de outro, e conhecer outra pessoa, sem perigo de ódio, se a gente tem amor.
    Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura.

    Guimarães Rosa

    ResponderExcluir
  3. Não se preocupe em acertar, errará! Se preocupe em ser autêntica.....

    ResponderExcluir