segunda-feira, 18 de julho de 2011

Raquíticos mentais

A sociedade tem toda uma preocupação de educar o corpo, para que ele não fique flácido ou obeso, prescrevendo uma alimentação saudável para fortalecer o físico. Tenho dúvidas se esse culto do físico é saudável. Mas, quando se trata da mente exercita mais a memória que o raciocínio, tornando-a estreita e sem sustentação para carregar grandes idéias. E não se consegue trabalhar com várias variáveis, não se consegue expandir o horizonte perceptivo, não se consegue estabelecer vínculos intelectivos entre diversos acontecimentos distantes, mas interligados. Há um raquitismo mental que impede a compreensão de ultrapassar a si próprio, se é que se compreende a si mesmo. Todo esforço mental está voltado até a exaustão para a satisfação de todo tipo de desejo. Todavia, a mente não é tão simples quanto pensam, ela precisa de exercício para não ficar flácida ou preguiçosa, para não parar ou se satisfazer na primeira explicação que encontra, para não ficar raquítica e se prostrar perante o menor desafio, rendendo-se ao fracasso da derrota diante de um mero quebra-cabeça. Ela não é formada para desenvolver idéias, mas para aceitar as existentes; não é feita para ousar grandes passos, mas para aceitar os degraus conhecidos. É dela que depende o nosso futuro e não pode continuar jogada para segundo plano, como algo que se atenta quando desatentos de tudo, que parece sempre mais importante ou mais urgente. Exercitar a mente com bons livros, com jogo de xadrez ou mesmo de cartas, com quebra-cabeças, palavras-cruzadas, com boas conversas, com as notícias (que são sempre boas e más) de tudo e de todos, de todos os lugares, enfim, as idéias que os homens fazem sobre si e sobre o mundo e suas trocas simbólicas enriquece a mente com mais coisas que meros interesses, e pode até modificar os interesses, fortalecendo a mente para escapar do raquitismo a que todos estão condenados se não tomarem iniciativa de saírem dessa condição por conta própria. Defendo um contínuo exercício mental para todos, que pode inclusive melhorar a memória, mas que deve ampliar os objetos que se tem que prestar atenção. Se depender da sociedade, todos podem permanecer com suas mentes estreitas, exercendo o único gesto de autonomia que se conhece, o consumo de coisas, que até podem dar um estilo de vida, mas desenvolve pouca compreensão.

Um comentário:

  1. Mente sã corpo são.
    Agora uma frase que eu creio vc vai concordar com o autor:
    "Quando começou a comprar almas, o diabo inventou a sociedade de consumo"
    Millor Fernandes

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