terça-feira, 19 de julho de 2011

O camaleão social

Eis aquele rastejante ser que passa despercebido, em geral, comendo pelas beiradas, disfarçado entre todos na multidão, quando ninguém é visto, sobrevivendo das oportunidades que passam por todos, nunca por eles. Ele não chama a atenção, escondido na paisagem social confusa, é lento e atencioso, olhando sem ser visto, rastejando-se rapidamente até a sua vítima, ou esperando ela chegar desatenta ao seu alcance fatal. Não ocupa grandes espaços como o leão, nem desfruta da virtude de ser astuto como a raposa, o camaleão salienta-se por não ser percebido enquanto se refestela com suas presas. São tão sutis que raramente são percebidos, mesmo por outros camaleões, e a vítima raramente escapa à sua língua grudenta, pois sua arte muda-o de feição e de cor para todos, e de aparente devorador pode se transformar em vítima de devoradores maiores. Sua captura é difícil, pois mais esperam as vítimas do que correm atrás, e mesmo preso, mantê-lo assim é tarefa inglória, visto que se disfarçam e passam despercebidos por todos. Dificilmente se consegue responsabilizá-los pelas ocorrências, pois miméticos, logo se dissolvem na massa daqueles que pouco ou nada sabem. Seus sentimentos são os esperados, suas opiniões desconversas sobre as questões expostas, suas posições serão sempre as majoritárias. Não se destacar é o seu destaque! Não são maus, nem ruins, são fundamentalmente sobreviventes, mas não são confiáveis, mudam até de feitio se precisar fugir de um problema, tendo a tendência de salvar a si, antes do que qualquer coisa.

Um comentário:

  1. Traduzindo para a linguagem do OASS:

    Essa figura que aparentemente "não fede e nem cheira" é um perigo, pois omissão causa danos a saúde pública.
    E conveniência só agrada ao "camaleão".
    Deus me defenda dessas criaturas!

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