quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Ruminação n° 1

Gostaria de dizer coisas tão sábias quanto leio; gostaria de falar coisas tão belas quanto ouço; gostaria de esclarecer tanto quanto fui por tantos, porém, coube a mim apenas o papel de falar das merdas dos homens, enquanto pessoa, enquanto o que faz. Papel esse que muitas vezes pode ser usado como papel higiênico, o que significa, ao fim, de alguma maneira, que ainda pode ser útil. O outro fim natural dos meus escritos tem sido a fogueira ou o lixo, o que talvez dê no mesmo. Naturalmente, reivindicaria um fim melhor se pudesse, mas vivo no mundo real e não tenho ilusões, jamais poderia ser o que não sou, alguém que serve aos demais. Minha função nessa vida não é ser útil, ainda que isso possa eventualmente ocorrer, mas antes mostrar a inutilidade de quase tudo. Não falo do bem, pois que o assunto seria pouco; falo do mal que é bem mais extenso, e porque não dizer, instigante. Não falo do belo porque sobre esse há pouca concordância; falo do feio, bem mais abrangente, e sobre o qual ocorre às vezes até unanimidades. Não falo do justo, assim como não falo de deus; não falo de coisas que não existem senão como termos da linguagem. Falo do injusto que a todos envolve, seja sofrendo, seja praticando. Por fim, mas não menos importante, por vezes sou mais sincero calando-me do que falando; sou daqueles poucos que ainda acredita que toda merda deve ser transformada em adubo, e não simplesmente ser exposta ao público.

3 comentários:

  1. Prudência e canja de galinha, não faz mal a ninguém!
    Já dizia o sábio ditado.

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  2. Que seja um ditado, vá lá, mas que seja sábio tenho minhas dúvidas......

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  3. Há os que gostem de ler as suas merdas...

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