E, então,
saímos nas ruas, falamos que queremos educação, saúde e contra a corrupção, e
vem uma presidente aloprada e fala um monte de sandice como querendo
representar (diga-se, de passagem, muito mal) domínio sobre algo que não
consegue entender, cria uma campanha publicitária a respeito de uma
constituinte que é inconstitucional, um plebiscito irrealizável, sobre um
assunto que interessa mais a ela do que a todos nós – como os folgados dos
políticos vão manter o poder, de forma distrital, representativa (do quê?), ou
mista – , um factoide diante do fato da educação ser sofrível, a saúde doente e
a corrupção e o desperdício do dinheiro público um escândalo: isso é ofensivo e
deveria deixar todos muitos ofendidos. Não é possível que essa presidente não perceba
que os problemas não estão nas leis e o que se espera não é pirotecnia
legislativa, mas atitudes; não promessas para o futuro, mas atos concretos para
a dificuldade de todos, cujos recursos arrecadados são gastos mais com os
ocupantes do Estado e que vem sendo desperdiçado pelos ocupantes dos poderes
desde sempre: a desonestidades dos políticos e governantes é uma constante
histórica, graça solta através dos tempos.
Naturalmente,
não é só a senhora que realiza barbaridades políticas, não, a senhora não está
sozinha. Reina também impávido e colosso o senhor do congresso (sei que deveria
escrever congresso com c maiúsculo, mas de forma alguma o nosso merece), Renan
Calheiros, de jatinho para todo lado. O que o danadinho fez? Tirou o dinheiro
da educação para o transporte dos alunos enquanto gasta um monte de dinheiro em
viagens pelo país a passear, com a família, claro, sabemos que é um homem de
família, aliás, de várias, e isso nos custa muito caro, todo nós do povo
sabemos. Tem também seu cúmplice – sim, a palavra correta é cúmplice, tenho
para mim que formam uma quadrilha – o dono da câmara de deputados, que vale tão
pouco, que nem guardo o nome dele, alguém que certamente irá para o lixo de
nossa história, que também passeia por aí de jatinho, festejando as vitórias da
nossa seleção, muito bom patriota. Ambos, Senado e Câmara querendo parecer –
mas não ser! – contra a corrupção aprovam a lei de crime hediondo, enquanto
abrigam pessoas que não cumprem as leis que já existem (por exemplo, a lei da
ficha limpa), pessoas que estão condenadas pela justiça e que ainda não foram
cassadas como deveria ter sido, e isso me faz ficar muito indignado, pois sei
que esse país não pode ir para frente com pessoas que estão brigando com o
poder, suas mordomias e suas coisas miúdas dos cargos, enquanto a maioria de
nós expostos aos péssimos serviços públicos, cuja melhoria só viria se diminuíssem
os custos do Estado, que gasta mais consigo do que com todos nós, e com essas
casas “representativas” (a mim, com certeza não me representam, nem as acho
confiáveis) que exploram todos nós do povo, com seus custos estratosféricos. E isso
se aplica a todos congressistas de todos os partidos, sem distinção, coniventes
com as farras dos chefes e se esbaldando com passagens paga pelo povo para
passearem pelo país. Sinceramente, tenho vergonha. Ora, senhores deputados e senadores, sejamos honestos, se fôssemos um país descente, como muitos outros do hemisfério norte, os presidentes dessas casas estariam derrubados. Os demais deputados e senadores, nada fazem, fingem que não é com eles, que está tudo certo. Aqui, no Brasil, continua-se fingindo que trabalham para o país, enquanto, de fato, arrumam mais algumas coisinhas para si e para os seus, ou formas mais fáceis de se manterem no poder, contando com o esquecimento de todos, ou que outro escândalo qualquer desvie a atenção.
Não é um país sério, porque a sociedade civil (o famigerado povo) ainda está quieta e não pede para que esses maus cidadãos desocupem a cena política, afinal também se cansa de ver tanta palhaçada ocorrendo de forma escancarada, e me pergunto, por que as pessoas não saem às ruas pedindo alguma coisa melhor? Com certeza não queremos que esses senhores presidentes da câmara e do senado continuem a nos representar, não quero que os outros países pensem que sou como eles, definitivamente, não quero ter a cara do Renan diante do mundo, pois se, por um infortúnio qualquer, ocorrer uma vacância dupla da presidente e do vice, talvez, por incompetência, ele invariavelmente representará o país.
Não é um país sério se não se dá uma bronca rotunda na presidente, que pensa mais nas eleições do que nos descaminhos de sua administração, que houve mais seu publicitário do que o povo, que é refém de um congresso que faz barganha, e não tem coragem de botar tudo no lugar. Presidente, você está mais preocupada em manter o poder de que fazer o certo, mais preocupada em querer agradar a todos, o que não agrada a ninguém, nem a senhora mesmo, do que criar planos para efetivar uma educação integral para os brasileiros, uma saúde digna e uma justiça, tudo que, se pelo menos começar agora (aí sim teríamos alguma esperança), só sentiremos os bons efeitos daqui 10 ou mais anos. Lute para que toda verba do petróleo vá para a educação por pelo menos vinte anos, tempo suficiente para fazer desse país uma grande nação. Um povo precisa crescer também culturalmente e não apenas materialmente, e o que sempre faltou nesse país é investir nos homens, pois paras coisas como petróleo, cana, bancos, siderúrgicas, portos e obras faraônicas ou da Copa sempre se investe, mesmo que mal.
Bom, se
ninguém gritar – já que são surdos e não escutaram o que as ruas gritaram - o
que precisa ser dito para governantes e políticos, esses interesseiros só
buscarão os seus interesses mesquinhos e sempre abusarão de suas prerrogativas.
Só agem a nosso favor quando estão sob pressão popular. No que depender de mim,
começarei a gritar que não queremos novas leis, mas que cumpram as já
existentes! Que não quero arranjos clandestinos de recursos, mas atitudes
mais dignas, republicanas. Que a educação, a saúde e a justiça sejam os fins
mais importantes de todos os recursos nacionais. E, ainda, por que não, fora
Renan e o outro infeliz que me recuso a nominar. Conclamo todos cidadãos a se
manifestarem para esses parasitas sociais, os políticos, seja de que forma for,
mandando carta, e-mail, telefonando, saindo às ruas pedindo mais ordem nesse
galinheiro em que estão transformando o Brasil! Sem-vergonhice tem limite! Um país
sério sabe que político precisa de coleira!
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