segunda-feira, 17 de junho de 2013

Movimentos sociais contra a sociedade – a tola luta de todos contra todos


Do fato das reivindicações serem legítimas de boa parte dos Movimentos Sociais, não acarreta que a luta (ou batalha campal) seja justa, pois que os fins não justificam os meios, uma vez que se pode fazer merda pela forma, ainda que o conteúdo não seja uma bosta. Intenções boas nunca foram suficientes para tornar as ações boas, ou legítimas, ou sequer justas. Em primeiro lugar, é de se lembrar de que o direito ao protesto não deve obrigar a todos a ter que escutá-lo, desfrutá-lo, desejá-lo, ou ainda sofrer constrangimentos. Manda as regras da boa convivência e educação, informar quando e onde se fará a manifestação, pois que o mundo não precisa parar só porque algum setor social sente-se injustiçado e muitos têm coisas tão importantes quanto dos protestantes para realizar, senão mais, e pode ser ainda que o protesto seja tolo e irrelevante, ainda que espaçoso e barulhento. Em segundo lugar, a disposição injusta se acha também na alma dos que não possuem, eles não são melhores do que os possuidores e não têm prerrogativa moral, pois em algum momento pensa os conflitos sociais como simples expressão da força relativa de cada grupo, e acreditam que a força faz o direito. Quer porque quer. Reitera, repete, insiste. Não inova, não muda. Não percebe que uma demanda se mostra mais forte quando consegue expressar-se numa linguagem que outros setores da sociedade entendam e possam aceitar. Quando ela é vazada em propósitos que só valem para um grupo relativamente fraco, pelo menos quanto à possível persuasão dos outros, e se torna relativamente aprisionada, convence quem está convencido, persuade os já conversos. Daí sua debilidade discursiva. A força de um discurso está em ele se estender e em lançar velas ao vento, se aventurar no oceano – para inovar é preciso ir além do sofrimento e das supostas injustiças, debatendo como gente grande, fazendo proposições razoáveis. Em terceiro lugar, com falta de tempo para pensar e tranquilidade no pensar, as pessoas não mais ponderam as opiniões divergentes, contentam-se em odiá-las. Com o enorme aceleramento da vida, o espírito e o olhar se acostumam a ver e a julgar parcial ou erradamente, e cada qual se contenta ou se entristece com sua vida. Em quarto lugar, considero uma ofensa à inteligência cada um dos setores ou dos governantes, se colocarem como nossos representantes, como querendo dizer, nem você sabe sua vontade, “Eu” (um movimento social, uma ONG, um político, um artista, um governante, um partido – sempre alguém petulante) sei exatamente o que quer, e o que deve fazer para conseguir, e isso sem nos consultar, aliás, sem nem ao menos quererem saber o que queremos, basta que queiramos igual a eles.
Uns param estradas, outras param ruas, porém todos impedem o direito mais elementar de qualquer pessoa: o direito desses protestantes parece valer mais que os direitos de todos ou pelo menos, da grande maioria. É que tudo aqui é mais ou menos assim, um faz merda, outro recolhe e joga mais à frente, esse, então, joga na frente da casa do vizinho, esse por sua vez joga no bueiro da rua, e aí todos saem perdendo na enchente. Acho tudo tão infantil e tolo, sem criatividade para protestar, pois não visam à busca de uma solidariedade social para fins comuns, mas intimidar autoridades que não querem perder índices de popularidade; querem aparecer e tiranizar a mídia, ocupando os espaços. Não são políticos no sentido forte do termo, de se abrirem ao debate e convencerem ou serem convencidos sobre o melhor a ser feito. Deveriam convencer as pessoas, ou a não usarem transportes públicos, ou a não pagarem pelo uso, ainda que todos sejam presos, pois a desobediência civil ainda que traga sacrifícios pessoais, mostra a vontade inquebrantável de lutar por princípios e causas comuns. Deveriam convencer as pessoas a pararem por sua causa, antes do que ficar obrigando a todos, parados, por vezes, passando até necessidade, a ouvirem suas lamúrias, que todos conhecem e sabem do que se trata, e sabem que nada podem fazer, pois nem os reivindicantes sabem o que fazer, senão bradar palavras de ordem genéricas.
Enfim, a merda é que todos são infantis, quando perdem a autoridade se tornam autoritários, quando perdem em argumentos, acha que tudo foi manipulado; desconfiam das qualidades morais dos demais, ainda que nunca se preocupem de que as possua. A bosta não está apenas na forma como fazem, mas na maior parte das vezes está naquilo que querem e lutam. A imaturidade política do Brasil faz da democracia uma tirania da maioria sobre a minoria, e da república, um reino para os políticos: a sociedade civil é apenas uma multidão dispersa, sem objetivo comum e sem direção certa, seguindo cegamente os momentos confusos que criam para si próprios nas suas relações entre si e com as autoridades. O que mais caracteriza o brasileiro é sua incompetência política, copiando ideias estrangeiras ou práticas para a qual não tem preparo, que resulta em leis confusas e na arbitrariedade de sua interpretação.

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