quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Sobrevoo Filosófico

Todo filósofo que leio, aprendo inúmeras coisas e agradeço a ginástica intelectual que me causam com suas ideias. Verdade que não concordo muito com elas, mas isso pouco importa, na medida em que não os procuro para ensinar, porém para pacientemente aprender coisas que não havia pensado ou outras formas de pensar a mesma coisa; não para pensar como eles, mas para ver que há sempre mais coisas para se pensar ou outras formas de pensar. Sob certo aspecto todos estão certos, já que escolhem o objeto, o método e os conceitos com os quais descrevem uma realidade, que se não estava oculta, também não existiria sem que eles a enunciasse. Gosto até mesmo do tom de condutores de homens que muitos ostentam, ainda que seja completamente contra que se conduzam os homens: as pessoas não sabem nem se conduzir, querer ousar dirigir os demais me parece de extrema petulância. Por exemplo, Platão, há filósofo que mais queira nos conduzir no caminho da verdade, da virtude, do certo, do bom e do belo do que ele, e, no entanto, não se privaria de usar da mentira, do vício, dos subterfúgios para impor suas máximas, nem de impor uma tirania ou despotismo para se chegar à cidade ideal: parece que mesmo o bem precisa de algum mal para se concretizar. Não! Nunca espero perfeição dos filósofos, pois me contento apenas com alguma inteligência. Há aqueles leigos que acusam a filosofia de só levantar ou inventar problemas, mas pouco contribuir para solucionar, quando não complica ainda mais o que aparentemente poderia ser tratado de forma mais simples. Que haja algum fundo de verdade, se visto de forma parcial ou sob a ótica de algum autor particular, na realidade o filósofo surge para tentar interceder naquilo que está problemático, seja do ponto de vista do conhecimento e sua logicidade, seja do ponto de vista da vida pública, da política aos costumes. Sei que sou tributário a vários deles, que capturei alguma sabedoria aqui, alguma sagacidade mais prá lá, algum conhecimento acolá, até mesmo alguma retórica e forma de argumentar, que mamei, ruminei e despertei com alguns, porém o que mais aprendi com eles foi pensar por conta própria. Todavia, todos parecem indicar que a saída é tomar as rédeas do destino nas mãos, não se ajoelhar diante do forte, nem fazer os demais ajoelhar, que a virtude, a verdade, o justo, o razoável advém tão somente do próprio aprimoramento, mesmo que a conjuntura ou a época pareçam impedir, e que a qualidade fundamental que se tem que adquirir é a coragem para se portar como um homem diante de crianças assustadas com suas superstições, medos e ignorâncias, ou pior, irritadas com a impotência de resolver suas dificuldades. Não sou como alguns que pensam que os filósofos ou a filosofia são fundamentais para a formação das pessoas, visto que muitos sobrevivem muito bem sem eles, até mesmo desconhecendo-os, entretanto, acredito que conhecê-los torna a todos mais humanos; é parte integrante da cultura universal, do que atualmente entendemos por homem ou mesmo humanidade, para não mencionar a liberdade – temática que os filósofos perseguem desde os primórdios, que nos prima para agir e dizer como nos autodeterminarmos, e que dá a cada um a sua originalidade ou singularidade, e que construiu a nossa história, faz o presente que, invariavelmente, pelo menos até o momento, realiza um futuro. Aconselho a todos algum aprofundamento filosófico, pois que se a filosofia não tem um poder curativo sobre os problemas humanos, mesmo porque não há nem ao menos um consenso de quais sejam, ou mesmo se há problemas, ela é uma forma de refletir sobre os mesmos e pode assim potencializar a participação de cada um de nós na busca de uma vida menos tola. Além disso, alguma cultura sempre aumenta a nossa sensibilidade, torna as pessoas mais compreensivas e tolerantes, até mesmo mais agradáveis no conversar, senão por outro motivo, por que aumenta o estoque de conversa à toa que se tem que ter nos encontros sociais.

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