terça-feira, 25 de setembro de 2012

O retorno


Fiquei afastado de tudo e de todos nos últimos tempos. Tinha o que pensar. Sai por aí a viajar. Fui ver o mar e a montanha, o campo e as cidades. Nem é preciso que se diga que a tristeza e a alegria é a mesma em toda parte, assim como as bostas, muito comum quando se trata do humano. Sei que falta não fiz, pois não pediram que retornasse aos meus escritos excremetais, muito menos sentiram minha ausência. Meus poucos leitores ou leitoras já cansados do meu repugnante humor, creio, ficaram aliviados com o meu aparente sumiço; pelo menos, das minhas merdas estavam livres, ainda que a merda da vida não se livre, a não ser se morrerem, o que seria outra merda. Enfim, constatado que falta não faço, que não há leitores para os meus escritos, mais convicções tenho para continuar a escrever e atuar no espaço da internet, esse lugar que cabe todos e não pertence a ninguém, pois o que evacuo não ocupa mais que um mínimo espaço na memória de um computador. Aliviado estou por não precisar mais derrubar árvores para escrever minhas bostas, e com a consciência tranquila porque não tiro o sono dos leitores ou leitoras, que a rigor, não tenho, mas que se tiver, não terá que pagar merda alguma para ler meus urânicos excrementos.
Quanto à minha viagem, foi de estudo, autofinanciada à base de favores e amizades que permitiram ir por aí, em busca de novos saberes e novos contatos. Descobri pouca coisa ou mesmo nada. Tudo é muito igual por toda parte, as mesmas músicas, as mesmas vestes, os mesmos pratos, e os passeios também são bastante semelhantes. Vi festas de batizados que mais pareciam de casamento, e vi festas de casamentos que exalavam tristeza; vi velórios alegres e nascimentos trágicos. De fato, não conheci ninguém suficientemente sério para depositar alguma credibilidade, ainda que tenha visto inúmeras pessoas simpáticas. De tudo, o que mais me chamou a atenção, é que há tão pouca coisa que me chame à atenção no que as pessoas fazem ou pensam. Todavia, tenho que admitir, arejei as vistas e a mente, e agora tenho ânimo redobrado para a minha evacuante tarefa de expor os odores fétidos da convivência humana desarmônica. E é fácil perceber que o que temos de mais fedido no momento são as eleições municipais, pois um candidato é um bosta, o outro uma merda, aquele outro um excremento, este outro um coco, e há ainda o mais refinado que é uma fezes. Enfim, o melhor não presta, visto que o melhor, no caso, é o que faz o pior.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Breves palavras a respeito das mulheres


A mulher, todos sabem, além de não serem econômicas em seus comentários, nem se caracterizarem pela brevidade, é inferior ao homem, mesmo o homem não sendo superior a nada, muito menos a mulher. Verdade que nenhum dos dois vale grande coisa e que isso possa ser considerado ofensivo, quando é apenas realístico. A inferioridade é uma condição histórica, cultural, para não falar na mais evidente, a condição econômica. Mas, se enganam aqueles que consideram que com isso a mulher perde para o homem; de fato, os dois são perdedores e estão perdidos. Se colocar em inferioridade faz com que a mulher receba o benefício do exercício do apelo à piedade, coisa que o homem não pode exercer sem que sua masculinidade seja colocada em dúvida, pois que se espera de um “suposto” superior que arque com a custa e as penas de terem que carregar o ônus da existência. Além disso, a mulher, como qualquer sobrevivente, aprimora suas armas e defesas: a sedução, a submissão (mais encenada que concretizada) e a conquista. Evidentemente que isso assim se torna porque a própria linguagem humana acaba privilegiando um em detrimento do outro, visto que foi elaborada principalmente no universo masculino, ainda que a mulher fale mais. Ora, por que somos humanos e não mulheranos? Por que queremos o humanismo e não o mulherismo? E a luta pela igualdade é a mais descarada submissão ao universo masculino, afinal de contas, por que ser igual ao medíocre homem, sem dúvida, um bosta? Se for lutar por alguma coisa, as mulheres deveriam lutar por serem superiores, o que não exigiria grande esforço devido à rasura masculina. Entretanto, se certo houver, deveria querer ser diferente, sem luta ou competição. Por fim, mas não menos importante, as mulheres tem um custo social maior que o masculino, afinal de contas, há os absorventes, os sutiãs e toda infinidade da parafernália feminina, inventadas para se escravizarem aos cremes de beleza e operações plásticas, além de infinidade de roupas e sapatos, para não falar do shampoo, perfumes e adereços. Ainda que vários homens tenham aderido a alguns hábitos femininos, da depilação às operações plásticas, mesmo assim, parece pouco provável vê-los por horas num secador de cabelo (fritadores de cérebros), ou tanto quanto ficam diante da TV vendo ridículos jogos de futebol. Enfim, homens e mulheres que não se entendem e brigam até por um pires quebrado, se ajeitam, cada um, sempre que possível, trepado no ombro do outro. Com isso dito, pode parecer que esteja acima de todos, o que não é verdade, só não estou abaixo, nem no mesmo nível, apenas que não tenho nível, nem devo ser nivelado. O fato é que quanto mais conheço mulheres e homens, mais aprecio os vegetais.

Cobiçar ou não cobiçar, eis a bosta!

Cobiçam as planícies e as montanhas, as veredas e os vales, os desertos e os pântanos, os rios e os oceanos, o solo e o subsolo, a água, o ar e a terra, até mesmos nossos sonhos e nossas expectativas. Cobiçam pessoas e coisas, gente e animal, além do vegetal e do mineral. Cobiçam o presente e o futuro, os vícios e as virtudes, as verdades e as falsidades, nossos pensamentos e sentimentos, nossos desejos e nosso desejar. Cobiçam a mulher ou o homem do próximo e do distante. Cobiçam tudo e todos. Enquanto eu cobiço não cobiçar, além de cagar para quase tudo que os homens desejam. De resto, a famigerada frustração de não obter o que se cobiça, e, é claro, a merda das cobiças se digladiando pelos mesmos objetos e coisas, que pode até serem pessoas.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Um suposto amor à humanidade

Quem ama a humanidade, se é capaz de amar, o que não acredito, ama uma abstração, um inexistente. Amará o assassino, o ladrão, o bandido, o charlatão, o egoísta, o vaidoso, o vagabundo, o traidor, o corrupto, o estuprador, o racista, o ruim, o mau? Na realidade, acredito que a pessoa não conhece a humanidade, muito menos o amor. O fato é que quanto mais se conhece a humanidade, mais se deseja ficar só ou com alguns poucos. E o outro fato é que a humanidade se mata e cada um só gosta, quando gosta, dos seus próximos, e com os demais tolera porque não pode eliminar ou é muito caro fazê-lo. Quanto ao amor, continua um ilustre desconhecido que poetas tolos elogiam e músicos insensatos cantam. Sou daqueles poucos que teme o homem e seus sentimentos, que promove não uma comunidade humana, mas uma engrenagem que coloca as pessoas em funções econômicas. E a economia, todos sabem, não vale nada.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Sobre possuir uma funerária

Se há um negócio certo é a morte, que a todos atinge num determinado tempo ou numa determinada ocasião, pois que aguarda a cada um em qualquer idade, de qualquer sexo, de qualquer credo, opção sexual, política ou cor, de qualquer status social. Naturalmente, que todos, dentro das parcas e das poucas possibilidades de cada um, onde alguns podem estender com dinheiro a vida sofrida, tentam adiar o inevitável inadiável, querendo viver sempre mais e mais intensamente, entretanto, é certo que todos acabam por sucumbir à morte. Eis porque dificilmente donos de funerárias sofrem com a crise ou vão à falência. Na verdade, a crise precipita alguns à morte, através de suicídios estoicos ou assassinatos por dívidas, o que acarreta mais lucro ainda, visto que a família sofrida não deixará de arcar com a custa do enterro do parente desesperado. Assim, se algum dia perder a sanidade e resolver querer ganhar dinheiro sem risco, não abrirei um restaurante, uma confecção, uma empresa de entretenimento, uma perfumaria ou oficina, nem mesmo um banco, pois tudo isso se dispensa em tempos de crise. Já a morte não pode aguardar a fedentina do corpo inerte e precisa ter destino apropriado. De fato, não conheço dono de funerária pobre, se bem que conheço poucos desses seres tão importantes quanto os urubus, com a diferença que os urubus prestam o mesmo serviço gratuitamente.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Aos internautas

Foi viajando por aí que aqui chegou? Ou veio especialmente aqui? Se chegou desavisadamente nessa bosta, estranhará a fedentina. Se já conhece não estranhará o cheiro. A ambos digo que pouco ou quase nada tenho para dizer para alegrar ou dar esperanças. Ofereço apenas excrementos da existência, restos de uma vida mal digerida, que carrego como obrigação de resistência, para ver até onde suporto ver tanta merda. Sem esperanças de melhora... E o que mais fede, que dá asco e nojo verdadeiros, é a gastança com a felicidade, sempre artificial, calibrada por bebidas ou outros tipos de droga. Felicidade que precisa de perfume caro, roupa de grife e artefatos variados para aparecer diante de todos e esconder os defeitos ou as imperfeições dos demais; precisa de casa, carro e viagens. A única coisa boa nisso tudo (supondo que não falte saúde) é que o crédito míngua, diminuindo a sede consumista do mundo, diminuindo o número de embalagens do que se compra, e, consequentemente, diminuindo a poluição do mundo entupido de embrulhos defeitos. Só me resta avisá-los que há coisas bem piores que a morte, que não poucas vezes é uma benção ou um alívio.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

O bosta do homem

Decididamente o homem é um assunto vão, variado e inconstante, em poucas palavras, um bosta. Sobre ele é difícil estabelecer um juízo firme e uniforme, pois os rótulos lhe escapam por atitudes inusitadas de qualquer um: aquele que aqui caga, mais à frente consegue adubar a existência; aquele que adubava a existência acaba cagando no aqui e agora. Para entender sua multiplicidade e pluralidade é preciso penetrar nas mais abstrusas partes de sua natureza, caminhando por seus vícios (mais abundantes) e por suas virtudes (sempre escassas). Eis porque me interesso pela pessoa comum, nem pelas muito boas, nem pelas muito más, nem pelos sábios, nem pelos totalmente ignorantes (pois ignorantes todos são), aqueles dedicados às ações privadas e singulares, ao invés de me deter nos grandes fatos ou nos supostos grandes homens, porque é vendo a pessoa comum que é revelado o caráter dos homens, além de propiciar algum julgamento moral, o que os grandes parecem impedir. Somos muito similares em nossos inúmeros defeitos, pequenos feitos, poucos ditos e grandes vaidades. Todavia, é preciso lentes especiais para avistar a verdade, na medida em que aqueles que possuem matéria minguada costumam inflar-se com palavras benevolentes, o que ocorre com quase todos os homens. Para se perceber o quanto as pessoas mentem sobre si mesmas, basta observar a si, o quanto mente, e perceberá o quão inflacionado está sua miúda figura. Quanto a mim, que carrego a existência como uma obrigação moral, mais do que pelo prazer de viver, avisto ainda espantado, após tanto anos de ocorrências, o bosta do homem jogar merda no próximo, sem perceber as cagadas que comete ou o cagão que é. O fato é que a covardia guia mais os passos humanos que a coragem, o medo domina bem mais a mente que a clareza das ideias, e a vaidade impera desde o amamentamento dos pequeninos. Sou um dos poucos que sabe o bosta que é.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Uma posição acadêmica

É absorvendo a diversidade cultural que as culturas se mesclam, misturam-se, fazem sincretismos, de tal modo que não existe mais uma área do saber que dê conta do que se faz e se renova em todo momento e em todo lugar. A disciplinaridade faliu, visto que não há mais uma ciência específica capaz de abarcar os fenômenos atuais, multifacetados e plurais. Daí propõem a pluridisciplinaridade, ou a interdisciplinaridade, ou ainda a transdisciplinaridade, entretanto, todos ainda se mantêm presos as disciplinas, trancafiadas em supostos lugares delimitado e delimitante, ou no fundo do armário. Para romper a disciplinaridade, para pessoas coerentes, somente a indisciplinaridade. E que viva a indisciplina! O fim das regras e das metodologias nos dará uma visão mais ampla para entender toda indisciplina humana.

Nadando contra a maré, de novo

Enquanto as lideranças mundiais gritam pelo crescimento, torço pela estagnação. O que cresce é a dívida. Paguemos antes o impagável que se deve (como? Com algum tipo de perdão....) e depois nos contentemos com as coisas modestas e os pequenos avanços possíveis, sem nos endividar para chegar rápido sempre num mesmo resultado: o acúmulo de dívida. O fato é que mesmo os Estados são cada vez mais, menos confiáveis como pagadores. Estamos sob o estado de natureza, porém em condições piores que nossos antepassados, que alimentavam a esperança de um Estado pacificador e garantidor com seus esforços, pois hoje o Estado é parte responsável pelo caos mundial. E ainda que não seja trágico, acabará melodramático, com as pessoas chorando os bens derretidos na desvalorização do trabalho humano. Para mim, as únicas pessoas dignas, atualmente, são aquelas que não têm dívidas, nem alimentam o endividamento dos demais. No mais, apenas o ordinário das pessoas carregando seus carnês pelo resto da existência, além de algum coco aqui e acolá. Mas, a grande cagada, sem dúvida, é a dívida. De resto, apenas homens fracos, seduzido por algum objeto de consumo, apressado em ter algo que muitas vezes nem é necessário, nem urgente.