É fascinante a falta de fascínio da convivência humana. Nos odiamos e mal suportamos as pequenas diferenças que nos fazem tão iguais. E não sei o que acho mais estranho, a intolerância de alguns retardados, ou a intolerância com a intolerância de muitos, beirando o facismo.
Aqui se evacuam idéias e comentários sobre a porcaria humana
quinta-feira, 31 de março de 2011
Um celibatário à serviço da humanidade
Presto um grande serviço às mulheres por ser um celibatário: não faço ninguém limpar minha sujeira, nem aprisiono inocentes na monogamia. Por vezes, acho que mereço uma medalha, afinal, não tem sido fácil resistir aos encantos femininos há quase duas décadas, enquanto tento manter o leme da autonomia no rumo, entre oportunidades que se insinuam por toda parte, da auto-suficiência. Se soubessem o bem que faço ao não alimentar a crença feminina que existe homem bom ou fiel, ou, pior ainda, perfeito, receberia os méritos devidos. Não é que o homem é ruim, infiel ou imperfeito, é que o homem não presta atenção nessas coisas, e não é por natureza que chega à monogamia (se é que chega!), nem é por gosto que esquece de levantar o assento da privada.
segunda-feira, 28 de março de 2011
Notas sobre o meu existir N° 7
Como seria de se esperar, era um fiasco como aluno. Grego e latim foram as primeiras das inúmeras reprovações que ocorreram nas disciplinas do seminário. Línguas nunca fora meu forte e era constante ficar de segunda época desde o 1º Grau, acontecendo o mesmo no segundo e agora no curso “superior” que ora freqüentava. Não tinha ambição de sair do país, achava desde pequeno os povos do norte uns bárbaros e saqueadores que espalharam sua barbárie para o resto do mundo. Impuseram um calendário, o trabalho escravo, a ganância, sua forma de pensar miúdo e muitas outras safadezas que não cabe agora enumerar. Afinal, o que são as dores do mundo comparadas às minhas próprias naquele lugar perdido do cosmo?
Naturalmente, ninguém em sã consciência no mosteiro (se é que é possível ser são nesse lugar) acreditava que algum dia poderia me tornar um padre: estavam mais interessados na contribuição mensal do meu pai do que na minha formação. E como não atrapalhava ninguém, suportavam-me, não sem alguns castigos.
Aliás, alguns poucos padres reconheciam algum mérito em mim. Fui monitor do professor de filosofia durante minha estada em tão insalubre (mental e fisicamente) lugar. Fui ajudante de bibliotecário e responsável pela área de filosofia, história, geografia, antropologia e cultura geral. E devido a boa letra e aos poucos erros ortográficos, era convocado para secretariar as reuniões, visto que o computador, que engatinhava na época, era algo inexistente naquelas paragens. Tínhamos máquinas de datilografia mecânicas, mas que só eram utilizadas para os documentos externos. Ainda que secretariar reuniões fosse uma bosta, tendo que ficar escutando discussões sobre miudezas e deliberações medíocres, era melhor que limpar latrinas, ou lavar louça, ou......
Só sei que após um mês nesse mosteiro, cuidava apenas da limpeza da biblioteca. E a tristeza pelo aprisionamento era deixado de lado por leituras apaixonantes. Conheci a filosofia antiga, medieval, moderna e até alguns contemporâneos, esses em menor número devido ao “pecado” do materialismo ou do ateísmo da maior parte dos autores, segundo a igreja, que faz leituras equivocadas desde que começou a ler. Eu que até então só me interessava pelo materialismo, acabei conhecendo uma multiplicidade de visões. O fato é que, de repente, me dera conta que poderia realizar minha auto-formação com muita mais facilidade aqui, neste inferno, que na casa dos meus pais. Verdade que não tinha o amor familiar, nem as mordomias da classe média remediada, mas por outro lado, também não tinha outras obrigações igualmente desagradáveis que decorrem da vida social. Enclausurado, menos atenção perdia com coisas que começavam a me encantar (e desviar), como o computador, que só pude reencontrar 4 anos depois dessa vida monástica. Ou mesmo as mulheres, que tanta atenção tiveram de minha parte, sem que nunca fosse retribuído. E não por ser feio, mas por ser desajeitado com as roupas, não cultivar uma celebridade, uma música, uma religião, um esporte, um programa de televisão.... O que tinha para conversar? Nada! Faltava aquele estoque de conversa à toa que as pessoas normalmente têm, ampliado pela timidez que carrego. Podia perguntar sobre o tempo, sobre a disciplina que ela mais apreciava ou que odiava, sobre a profissão do pai dela, mas pouco mais de 5 minutos de conversa são suficientes para acabarem as perguntas de ambas as partes. Além disso, e talvez o maior dos defeitos, ainda que aprecie a dança, nunca dancei, e jamais suportei festa com música. Enfim, como dizia meu falecido pai, um inútil, nem para ser par numa dança sirvo.
Nunca considerei isso um problema. Tinha muitas coisas para pensar e descobrir, e não tinha tempo para ficar preocupado em ser desajeitado. Como todo jovem, tinha isso como uma rebeldia, pois não era apenas um revolucionário, mas um asilado político e um dissidente social, pois lutava não apenas pelas liberdades políticas, mas contra a tirania social, a obrigação de seguir etiquetas ou princípios morais arcaicos, e por uma cidadania internacional: queria ser cidadão do mundo, não de um país. Não tinha tribo, não tinha partido político, era apenas eu, trancafiado na doce prisão familiar que dava comida e roupa lavada. Assim, apenas mudei de asilo ao aqui ser internado.
No entanto, estava determinado a manter a sanidade, fazer o mínimo necessário e esperar o tempo passar. Não faltava muito para atingir a maioridade e assim libertar-me desta prisão, aventurando-me pelo mundo afora na busca de um canto para mim. Que importância tinha algumas baratas pela cama, infindáveis missas repetitivas, suportar o assédio dos inúmeros homossexuais locais, sem ofender ou sucumbir, ter que repetir infinitos padres nossos e aves marias, ter que fazer vistas grossas para o que acontecia na calada da noite ou mesmo à luz do dia, no confessionário ou debaixo do altar, quando não por cima, se, por outro lado, podia enfrentar as adversidades com certa diplomacia e passar despercebido na biblioteca, por vezes esquecido por horas a fio? Aliás, ser esquecido pelos outros e passar despercebido é uma arte que cultivo desde tenra idade.
Esta pequena esperança fez os seis primeiros meses passar razoavelmente rápido. Minha semana de folga aproximava-se, e, quem sabe, pudesse sensibilizar meus pais para mudarem de idéia a respeito desse “meu” futuro, que para mim sempre foi um passado, algo que deixaria para trás. Tudo ia indo muito bem, eu calado no meu canto, pouco perguntando nas aulas, prestando uma atenção entediada, até que entreguei meu trabalho de introdução à teologia, cuja repercussão inesperada transcendeu as cercanias deste mosteiro, e fizeram as esperanças evanescerem-se. Pela segunda vez sofreria as conseqüências por emitir minha opinião, quando todos falavam que vivíamos em uma democracia, com conselhos tutelares e outras firulas jurídicas, e nem maioridade tinha, ainda assim assisti novamente um texto meu ser incendiado. Não será a última vez.
Honestidade X desonestidade: um combate perdido
Para ser bem honesto, não sei o que seria da vida sem alguma desonestidade. Com certeza seria um tanto cruel falar a verdade sobre a forma da pessoa ou a escolha da roupa; quando se trata da vaidade humana, fatos e verdades são de pouca utilidade, sendo a lisonja mais útil para a convivência pacífica. A mentira parece ser mais importante que a verdade para a vida social. Pelo menos é mais usada, mais esperada, mais presente e atuante. No fundo, poucos gostam da verdade. Aliás, sobre a verdade temos muitas mentiras. Mas, a honestidade nunca é malcriação...... Não temos culpa se a verdade é cruel; a mentira seria pior, tenham certeza. Se a honestidade machuca, a desonestidade destrói. Naturalmente, a forma de se dizer pode ser mais amena ou mais incisiva, mas isso é uma questão estética, pois o que pode parecer uma grosseria num momento, pode ser simultaneamente um gesto de muita gentileza e consideração num momento posterior. A verdade só aparece quando inquerida ou provocada, e independe da pessoa querer recepcioná-la, ouvi-la ou não. Via de regra, é uma resposta a uma pergunta........
Sobre falar e ouvir
A única forma de ser ouvido é falando. E não é preciso nem ao menos dizer a verdade, basta tão somente ser convincente. Particularmente não quero convencer ninguém de nada, nem ser convencido; quero apenas desfrutar de minhas incertezas sem ter que desfrutar das incertezas dos demais.
Horário tirânico eleitoral
Viva as aparências! A política emporcalha quase diariamente a pobre mente do cidadão comum, com o maldito horário eleitoral e a baixaria televisiva da enganação política. Desligue a televisão! Cago, vomito e cuspo nessa política miúda dos profissionais da política. Voto nulo e quero o direito de abstenção: jamais escolho quem irá me tiranizar e anulo convictamente meu voto desde que fui obrigado a votar. Além disso, não conheço ninguém em condições de me presidir e acho muita petulância quererem presidir a vida dos demais indivíduos. Que cada um presida seu destino! Tudo que desejo quando tenho a infelicidade de ver a campanha eleitoral, é que todos candidatos percam. Aliás, o último debate político entre os candidatos à presidência foi excremental. Tive a infelicidade de ser convidado a assistir o debate na casa de uma pessoa, que até então tinha como amiga, que passou em casa compadecida com a minha penúria de nem TV ter. A piedade é sempre impiedosa. Só não defequei porque antes vomitei nas considerações finais dos candidatos.
domingo, 27 de março de 2011
Brevidade
Dizem que somos livres, mas experimente peidar num elevador ou defecar no corredor para perceber que a suposta liberdade que se desfruta, não passa de restrições do que fazer e como fazer. Até cagar está regulamentado! E o problema nem é a tirania das leis, mas a social. Por exemplo, tire um fiapo do meio do dente em público, sem disfarçar, e você será considerado repugnante, e se não há uma penalidade civil ou criminal, haverá certamente recriminação moral ou mesmo estigmatização, e uma desaprovação social, e sentirá o peso da exclusão social.
Verdades elementares
Não me venham com essas coisas de espírito quando falam do homem. O homem é só carne, é com o corpo que sente e com a mente se ilude. Se querem buscar algo que distingue o humano dos demais animais, é o fato de copular mesmo com as fêmeas grávidas. E ainda que possam alguns copular pouco, todos pensam bastante em sexo.
A alma é uma grande mentira. Eis uma grande verdade..... Quantas supostas verdades num mar imenso de inexatidão! De minha parte, posso garantir, cago para a alma e saúdo os pensamentos ingênuos e as crenças infantis! Aprecio as pequenas coisas dessa vida. De grande, basta minha dúvida se será pior este ou aquele disparate humano que tantos acham normal no cotidiano.
Reafirmo, a única coisa profunda no homem é o seu intestino, e como é publico e notório, de lá sai ou gases fétidos, ou a inevitável bosta.
E silencio-me com as minhas custumeiras descrenças.
sábado, 26 de março de 2011
Por falar em saudades.....
Falar em saudade? Eu? Tenho saudades de poucas coisas e pessoas. Só de quem morreu ou de algo que aconteceu. Os demais, os vivos, sempre posso encontrar ou reencontrar, e os momentos posso fazê-los, ou tentar.
Respondendo ao e-mail de uma amiga
Uma amiga escreveu pedindo que salvasse o domingo de um naufrágio rotundo. Quanta responsabilidade e poder depositou em tão frágeis palavras que possa pronunciar. Tivesse o poder de salvar o domingo do naufrágio das dores pessoais seria alguém. Mas, não! Sou Outro Alguém, uma pessoa impessoal, aquele que não concorda, aquele que vê a porcaria humana da forma mais nojenta, bosta para todo lado.
Verdade, cagar é humano, e que atire a primeira bosta aquele que nunca cagou, mas, convenhamos, o que se vê de cagada por aí não é mole, ou é, se bem que tem da dura e até da pastosa. Olho o congresso e o gosto amargo do vômito vem e volta até a boca: que fedentina! Olho para o comércio entre os homens, e só vejo gente querendo cagar com o outro, pensando que com isso compram um perfume mais refinado. Mas, mesmo na indústria dos perfumes e da moda tem muita merda, ainda que anoréxica, fede tanta como todas demais.
Você poderia me perguntar, se não tem nada, nesta cagada toda, que não esteja revestida dessa substância asquerosa nesse mundo dos homens. Infelizmente, nem o papel higiênico escapa, não derrubaram árvores para fazê-lo? Enfim, viver é mesmo uma merda e a fedentina do mundo não escapa às narinas mais refinadas. Nesse sentido, minha amiga tem todo direito de estar triste. Sou solidário com sua dor, companheira! Deprimidos unidos jamais serão vencidos! Que vá tudo para a merda. Cago, cuspo, arroto e peido para tudo e todos! Eis o lema do homem moderno.
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